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Um Enorme Potencial (# 178)

04.abr.2018
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O Hôpital Maternité de Metz, em Metz (França), é apenas uma das muitas situações de articulação entre a abordagem ocidental e a visão da medicina chinesa, que vão ocorrendo ao longo do mundo.

Ao longe são visíveis as altas torres da Catedral de Saint-Étienne, visita obrigatória de quem visita a cidade de Metz. Está situada na região de Lorena, a 330 km de Paris. Quem visita esta cidade e se dirige à Place Sainte Croix, vindo da Rue Taison, depois de um passeio à beira do rio Moselle, encontrará um velho edifício cujas raízes mergulham na arquitetura no séc. XVI, mesmo no centro histórico da cidade. É onde a partir do início do séc. XX se instalou o Hôpital de Saint Croix ou Hôpital Maternité de Metz. Os serviços foram transferidos em 2012 para o Centro Hospitalar Regional de de Metz-Thionville.

Em meados dos anos 80 foi tomada a decisão de criar uma equipa de parteiras com formação em acupunctura. Quem nos conta a história é o Dr. Jean Michel Bouschbacher, ginecologista obstetra, no prefácio do livro “Guide pratique d’acupuncture pour la grossesse et l’accouchement” da autoria de Debra Betts, uma parteira da Nova Zelândia.

Os efeitos analgésicos da acupunctura foram ao encontro do que já se esperava nos partos entretanto ocorridos nesta maternidade. Mas a surpresa surgiu a nível dos “resultados obtidos pela acupunctura no domínio da gestão do trabalho de parto”, nomeadamente a nível das “distocias e das anomalias de dilatação”, permitindo evitar um certo número de cesarianas.

Ao longo dos anos seguintes, a equipa pode constatar e avaliar a forma como a articulação entre a abordagem clínica ocidental e os dados da medicina chinesa puderam enriquecer “o arsenal terapêutico” da equipa de obstetrícia da Maternidade de Metz. Ao longo de 15 anos, foram formadas cerca de duas centenas de parteiras e médicos em Metz, fazendo da Maternidade desta cidade um dos mais importantes centros de acupunctura obstetrícia em França. No novo centro hospital de Metz-Thionville, as parturientes continuam a poder contar com a abordagem da acupunctura e da medicina chinesa.

Este caso, é apenas uma das muitas situações de articulação entre a abordagem ocidental e a visão da medicina chinesa, que vão ocorrendo ao longo do mundo. Aqui fazemos referência à França e à Nova Zelândia, mas também, indiretamente ao Reino Unido, país onde Debra Betts se formou no London College of Acupuncture, em 1989 ou à Austrália, onde esta parteira completou o seu PhD na University of Western Sydney, abordando o tema do uso da acupunctura em casos de ameaças de aborto.

Estes dados contrastam com o desconforto em alguns sectores da saúde em Portugal, pela progressiva introdução da Medicina Chinesa neste país. Podemos dizer que o desconforto é extensível às Terapêuticas Não Convencionais, mas a verdade é que algumas das 7 TNC’s suscitam maior protesto do que outras.

Mas porquê este desconforto, em Portugal e em muitos outros países, quando paralelamente noutras paragens parece haver uma aceitação serena da Medicina Chinesa?

Bibliografia

Betts, Debra - Guide pratique d'acupuncture pour la grosasse et l'accouchement - SATA, Bruxelles, 2012.

© Eduardo Rui Alves

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